Malala Yousafzai |
É triste perceber a inclinação da criança à "Lei do Mínimo Esforço". Esta lei também pode ser interpretada como a busca pela melhor forma de se atingir um resultado, mas aqui indica o hábito que a criança desenvolve ao se esforçar o mínimo possível em qualquer atividade que realize.
Sabendo que "fazer a própria vontade" é uma tendência natural de todo aquele que está sob os efeitos do pecado, o que causa espanto não é tanto perceber as ações da criança, mas ver pais e educadores que cedem às manhas e reclamações, deixando de exigir que as crianças se empenhem e façam o melhor que são capazes.
Vivemos em uma cultura que considera o trabalho como castigo e o sofrimento como algo a ser evitado. Muitas vezes, com a intenção de poupar a criança do sofrimento que o esforço provoca, os pais e educadores não percebem que estão, na verdade, prejudicando seu desenvolvimento intelectual, menosprezando sua capacidade e corrompendo sua formação moral.
Permitir que a criança passe por situações dolorosas possibilita seu desenvolvimento intelectual ao estimular a descoberta de novas possibilidades para resolução dos problemas, incentivar o uso da criatividade e exigir que realize as operações mentais que a situação exige.
Ao mesmo tempo, quando a criança é estimulada a enfrentar os problemas ao invés de fugir deles, descobre que é capaz de ir muito além do que imaginava, tornando-se mais segura de suas habilidades e potenciais, ao contrário daqueles que se julgam incapazes e inferiores aos outros.
A criança que cresce aprendendo que o esforço é necessário e parte da vida, dificilmente se tornará um adulto que faz escolhas buscando o "caminho mais fácil" ou "dar um jeitinho". A dificuldade encontrada se torna um desafio quando contempla as possibilidades do resultado final e o medo do sofrimento não a fará perder oportunidades ou abrir mão de seus valores.
É importante ensinar à criança que o trabalho é parte do plano de Deus para a vida e foi estabelecido para a vida humana ainda antes da Queda, ou seja, quando o homem vivia a plenitude de seu relacionamento com o Criador. O esforço e o trabalho eram, então, parte do privilégio do homem em sua participação na transformação da Criação.
Muitos se impressionam, nos dias de hoje, ao perceber quão jovens eram os grandes pensadores quando desenvolveram suas teorias, produções e invenções. Mas não se percebe que, em sua maioria, as ideias e o caráter desses heróis não se formaram à base de horas de televisão e brincadeiras pré-fabricadas. Tampouco foram poupados das dificuldades dos estudos e do trabalho.
Essas mentes e corações se desenvolveram, geralmente, no solo fértil da leitura, dos estudos e, sim, do sofrimento produzido pelo esforço e, não poucas vezes, pelas dores da vida.
Compreender as limitações da criança não significa evitar que ela se esforce, mas descobrir estratégias para ajudá-la a superar seus limites e ir além daquilo que sua simples vontade deseja.
Assim se formam homens e mulheres que, mais do que passar pela vida, são capazes de impactar outras vidas, transformar realidades e, de alguma forma, mudar o mundo.
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