Páginas

quarta-feira, 30 de março de 2011

O desafio de errar

Seja isso Pragmatismo ou não, o fato é que meus aprendizados grandes de verdade acontecem naquilo que eu vivo, aquilo que transforma minha forma de ver o mundo e a vida.

Foi assim que se tornou tão marcante para mim o dia em que aprendi sobre o orgulho.
Era um acampamento de jovens. O tema era "Quebrantamento" e fui com aquela ideia de que ia ouvir "mais do mesmo". Mas não foi.

Naqueles dias ouvi sobre a diferença entre um coração quebrantado e um coração orgulhoso.
E fiquei absurdada!
Eu sempre achei que tinha várias coisas para mudar, mas nunca pensei que orgulho fosse uma delas.
Voltei daquele acampamento arrasada. Não tinha nem ânimo para contar para os meus pais como foi. Estava no chão, absurdada por me olhar no espelho e descobrir que não era a pessoa que por tantos anos julguei ser.

Cresci dentro de um Seminário... Aos dez anos já estudava junto com os alunos "grandes" que moravam lá. Aprendi a dar aula nas aulas de Geografia Bíblica e Pedagogia, em que a gente ia lá para frente falar sobre o conteúdo antes que a professora ensinasse.
Não tinha TV, comia livros! Lia até lavando louça.
Sobre a escola, a regra em casa era clara: "nove é bom, mas a nota máxima é dez."
Paraná, educação puxada, com incentivo gigante à leitura, poesia, teatro...
E muita grama pra correr, muita árvore para subir, muita fruta para comer..
E com as crianças, filhos dos outros alunos e professores, aprendi a gostar de criança. E a gostar de ensinar.

Depois, aos quatorze, veio a igreja.
E ser filha de pastor é uma coisa do outro mundo! Não sou daquelas que reclama da pressão de ter que fazer tudo certo e tals... Eu gostava de ser certinha, ser exemplo, ser a melhor aluna da classe... Nunca me foi um peso isso.
Mas é fato:  antes de ser qualquer coisa, aos olhos das pessoas, você é "a filha do pastor", o ser que não está sujeito às falhas e problemas dos outros mortais.

E assim, desde cedo já dava aulas na igreja e tocava teclado. Ensaiar o coral, organizar programações especiais, eventos, projetos de férias... Igreja pequena é uma beleza para quem quer desenvolver múltiplas habilidades (o que muitas vezes se torna um fardo pesadíssimo de se carregar).

O fato é que desde cedo aprendi a estar na frente, fazendo as coisas acontecer.
E quanto mais estuda, aprende e pratica, melhor a gente fica naquilo que faz, e menos as pessoas questionam suas atitudes. Mesmo quando não concordam... Mesmo quando você está errada.

Mesmo no meu serviço, onde trabalhei por quase oito anos, foi assim. Tive excelentes chefes e colegas de trabalho que logo de cara me ensinavam tudo o que podiam e eu aprendia. Não demorou para entender todo o funcionamento da prefeitura e saber fazer meu trabalho bem feito e ser a "funcionária eficiente" que muita gente queria no seu setor.
 
Foi assim que desenvolvi meu orgulho em muitas áreas da minha vida. E foi nesse estágio que fui duramente confrontada com a realidade de que o orgulho dominava meu coração. E comecei a querer muito ser diferente.
E foi assim que comecei a sentir falta de ser só uma pessoa normal...
Vontade de ir para um evento e não ser responsável por nada a não ser participar, ouvir, aprender...
Vontade de ser liderada... Ter alguém que te cobra, questiona suas falas, diz que é melhor não fazer assim.

Mas então... Quando isso acontece, tudo muda! E cá estou.
Apesar de trabalhar com crianças há quatorze anos, ser pedagoga e tals, é a primeira vez que sou professora em escola.
E se quer saber, de todos os desafios, o mais difícil tem sido o desafio de errar.

Em toda a minha vida não aprendi a errar. Não aprendi a ouvir críticas sobre o meu trabalho. Não aprendi que mesmo indo dormir de madrugada e fazer o melhor que posso, muitas vezes ainda erro.
E dessa vez as pessoas cobram. E questionam. E não acham bom.

E eu me revolto comigo mesma pensando porque cargas d'água simplesmente não consigo fazer tudo certo.

E num desses momentos me peguei pensando no que Deus queria de mim. Pensando no quanto não querer errar é, mais uma vez, prova do meu orgulho.

E me lembro de Saul, quando pecou desobedecendo a ordem de Deus de não poupar ninguém da cidade dos amalequitas. Me lembro de Samuel repreendendo sua atitude e ele dizendo: "Está bem, está bem, errei! Culpa do povo que me disse para fazer isso! Mas agora vem comigo e me honra diante do meu povo." I Samuel 15.


Orgulho. Querer estar sempre certo. Querer receber elogios sempre. Querer ser o destaque.
É óbvio que precisamos dar o melhor naquilo que fazemos.
É óbvio que todos erram e não são perfeitos.
É óbvio que elogios são bons e incentivar, confortar e edificar uns aos outros é bom e é bíblico.

Mas aqui, de mim para mim mesma, eu sei quando estou fazendo algo para ser boa naquilo, e não para Deus.
Eu sei quando estou me esforçando para ouvir elogios e não para que Ele seja adorado no meu trabalho.
E eu sei o quanto ainda preciso mudar, quebrantar meu coração, reconhecer quem eu sou e quem Ele é.

Deixar de lado meu orgulho, não para ser uma pessoa melhor diante dos outros, mas para que Ele seja adorado, na minha vida, em espírito e em verdade.


Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado. Sl 34.18

quinta-feira, 24 de março de 2011

Aprendendo com mulheres que aprenderam com Deus!

Como é lindo conhecer a Deus na vida e história de Rute!!

"Onde quer que tu fores, irei eu" ( Rt 1:16-18)
O texto, tão usado nas mensagens e convites de casamento, na verdade se trata de palavras de uma jovem à sua sogra, já idosa e sem absolutamente nada que pudesse lhe oferecer.

Não havia paixão nem atração física ou qualquer outro interesse que  prendesse Rute. Simplesmente um amor abnegado que não esperava nada em troca e nem se deixou abalar pelas vantagem que houvesse em abandonar Noemi e seguir sua vida.

E sua disposição, sua obediência, sua humildade!!! (Rt 2:2, 3:6)
Uma estrangeira cujas virtudes refletiam tanto um coração conformado ao Senhor! (Rt 4:15)

E mais do que quem foi Rute, me impressiona perceber a mão de Deus na sua história!
Como poderia ela imaginar que toda sua dor e tristeza terminaria na benção de uma família linda de onde viria o rei Davi e mais tarde o maravilhoso Rei dos Reis, Soberano acima de todos? (Rt. 4.17)

Que bom é poder crer que o Deus de Rute é também o meu Deus e pode me ensinar, me moldar e, apesar de quem eu sou, me tornar uma mulher virtuosa!
Que bom é poder crer que não importa qual seja a minha história, está sendo escrita pelas mãos do Senhor, que nunca se engana, nunca erra!!
Que bom é poder crer que não importa qual seja a minha história, a minha história é a história de Deus, para a glória de Deus!

"Que posso fazer? Que posso dizer? Se não entregar este coração, ó Deus, completamente a Ti?"